5.31.2010

E quando o fim for inevitável?

Todo mundo tem uma história triste pra contar.
Uma decepção para se viver, uma grande paixão, um grande amor pra contar, e pra sofrer de saudades, de lembranças.

As lembranças que ficam são eternas, misturada com as saudades daquilo que nunca chegará, e nunca será do jeito que um dia se projetou. A paixão desperta os mais nobres sentimentos dentro de si, e com o tempo ele pode vir a não se transformar em amor. Mas e quando se transforma? O que você faz, como fazer aquela pessoa que você colocou todas as suas idealizações, todos os seus objetivos, todas as suas verdades, desnudando-se por completo, a trilogia: do corpo, alma e coração, saia da sua vida, saia dos seus pensamentos?

Teimamos em acreditar em mudanças, acreditamos em recuperar o amor, o respeito, quando ele já não está mais presente dentro do outro coração. Temos a esperança de acreditar que as coisas ficarão bem, e pra sempre. Mas não é assim que as coisas acontecem. Acabamos por empurrar com a barriga algo que não vingará, algo que não sairá daquilo que já está acontecendo. Suportamos e engolimos qualquer coisa a troco de um pouco, por amor apenas ao próximo e não pelo amor próprio.

Esquecemos nossa identidade em algum canto, largado numa gaveta funda e de cor preta, apenas enxergando o outro como uma verdade. Importamos-nos mais com o nosso sentimento, como se fosse algo tão bom, e capaz de suportar tudo, mas esquecemos que o amor do outro, o carinho do outro, o respeito, a reciprocidade tem que ser SEMPRE algo evidente, algo latente e principalmente nos dois.

O entrelaçar dos dedos, as mãos aflitas a procura do outro, os abraços quentes, os beijos ardentes, as palavras de carinho, de respeito e consideração, tudo isso é fundamental para que haja um relacionamento saudável.
O choro é algo doido de alguém que busca desconstruir tudo, que pretende desfazer todas as sensações, mas que não consegue, pois está ainda tão ligado àquilo tudo. Nunca me vendi por coisas baratas, nunca despi meus sentimentos a troco de nada. Sempre busquei a reciprocidade, e se algum dia eu me doei, eu me doei porque estava recebendo.

E até quando eu recebi? Tentar saber o momento exato que era a hora de partir não trará a minha dignidade, a minha auto-estima, o meu eu.
O meu ego e meu orgulho estão feridos e talvez por tudo isso não consiga respirar sem ao menos sentir que meu peito doa tanto, até o barulho da minha respiração me incomoda.

Me incomoda porque sei que não tem aquele que tanto me fez bem um dia ao meu lado, e só sobra o vazio. São os ecos dos passos das escadas, são os cantos vazios, as palavras soltas, os presentes em cima do armário, as cartas escritas uma a uma e a mão livre, as mensagens e os telefonemas, o cheiro do banho, do quente da água escorrendo, do cheiro do perfume das lavandas e das colônias, da brisa, e do vento quando resolve bater e desarrumar o cabelo, dentro disto tudo ainda está sua presença, e quando fecho os meus olhos eu ainda sinto tudo como se estivesse tão perto de mim.

Tudo me leva a uma só pessoa, tudo me traz as suas lembranças e a sua presença, que eu sei que não estará mais comigo.Não dá pra dizer que as coisas são passageiras dentro de nós. Pois existem pessoas que quando passam em nossas vidas, levam sempre um pouco da gente, e deixam um pouco delas. E quando essas deixam algo tão forte, tão marcado quanto a tatuagem... Nunca se apaga.
Algumas pessoas são eternas dentro da gente. Algumas, poucas... no meu caso é uma só.

Não, não queria ninguém por dó, por comodismo, e nem por costume. Queria alguém que quando me olhasse, sentisse o mesmo, ou quase o mesmo. E eu achei que este mesmo era agora.

Era o ontem...O ontem que tem sede, ânsia e vontade de ser: ontem, hoje e pra sempre.