9.07.2006

Homenagem a Vinícius de Moraes

Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

Prof. Silvio Luis Scalco Bedani é o caraaaaaaa!!! Valew prô! Foi pra mim que eu sei!!! hehe

Desculpe people, não deu para segurar, tenho que compartilhar as explosões cardíacas.....

Palavras semi-nuas

Hoje, lendo Florbela Espanca no metrô, revivi um suave desencontro graças a covardia. Relembrando:

Soneto da Ausência

Essa tua ausência mata-me a alma,
Tua busca necessária, não é calma.
Há pedras, intransponíveis, espinho,
Seres medonhos no sombrio caminho.

Meu louco ímpeto de prosseguir,
Caí (logo desmaia) após se ferir.
O meu otimismo todo esfolado,
Ergue-se do chão, apesar de cansado.

Fixa idéia que não quer desistir,
Ela crava suas unhas em meu ser.
Então intima-me: Não vai deixar-me!

Forças abstratas, sempre a persistir,
Tem função de calejar, fazer crer.
Não poderei eu, achar-te sem sofrer?
( Thalita - 06/2001)