3.10.2008

[E quando a palavra faltar?]


Pensar demais me aguça os extintos. Revirar os papeis do bolso, ler, e tentar jogá-los, mas não conseguir. Por que? Parem de tentar me decifrar pelas coisas que eu escrevo. Não dá, é complexo demais. Quem tentou não chegou nem perto. E olha que este alguém teve sensibilidade aguçada de me transformar em uma frase que diz muito sobre mim e em pouco tempo.

"Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois os olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor por essa vida mortal a assassinava docemente aos poucos. E o que é que se faz quando se fica feliz? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda que já está começando a me doer como uma angústia e como um grande silêncio? A quem dou minha felicidade que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, ela não queria ser feliz. Por medo de entrar num terreno desconhecido. Depois procurou rir para disfarçar a terrível e fatal escolha. E pensou com falso ar de brincadeira: “Ser feliz? Deus dá nozes a quem não tem dentes." Mas não conseguiu achar graça. Estava triste, pensativa. Ia voltar para a morte diária."

Clarice Lispector.


O novo veio escancarando, timidamente, mas aí, é pois é, tão timidamente que se foi. Se foi não porque eu quis, mas porque todos os indicios levavam a isso.Como sempre demorei pra perceber, ou já havia percebido mas precisava de uma comprovação. Encheu...Encheu de verdade. Acho que estou no meu limite de "tentar entender tudo", "tentar ser a boazinha, a amiga, etc e tal." Andei refletindo este meu jeito " bonachão de ser. Definitivamente não me pertence isso... Talvez seja este o motivo de ficar assim, especialmente hoje. Somado com o ontem. Reboliços, incoerencias, estou sem entender. Quando eu conseguir assimilar tudo ( se é que eu vou) volto aqui. Juro! Porque agora... A palavra me falta.

Ouvindo Placebo e pensando na possibilidade que me faltou. Quantas vezes vou precisar errar pra acertar? Acho que não quero saber de acertar e muito menos dos erros. Can-sei!

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