12.13.2011

Apago o que passou com o intuito de abster tudo o que me fez mal, e que não gostaria de volta.
Apago com o intuito de ser o meu presente, sem pensar nas coisas que me aconteceram no passado.
Que o passado fique onde está, que o futuro que me reserva sempre prevalecerá.
Sucumbir em mares de idas e vindas, que não são minhas, sentir o gosto do fel que não é meu...

Por que as pessoas tendem a se machucarem, a se humilharem, até quando o amor é pra sempre e até quando tudo o que dizemos um ao outro é digno de ser eterno? Até onde o eterno vale?
Viver no mesmo teto, compartilhar de aflições, angustias, até quando?

Quando é que a paixão vira amor, e ou o amor vira um costume?
Lidamos com o ser humano o tempo todo, somos seres humanos descobrindo como viver.
Viver melhor pra quem?
As aflições tendem, e são camufladas. Até onde faz sentido e até onde não faz sentido?
Por que será que mudamos nossa visão de relacionamento a partir do primeiro tombo? E assim sucessivamente?

Porque escolhemos esta ou aquela pessoa? porque elas nos lembram alguem ou porque conseguimos enxergar alguém totalmente diferente do outro alguém, e este nos dá segurança, cuida, se preocupa, e espera sempre o melhor do outro...

Talvez só hoje eu consiga enxergar o que aquela pessoa sentia ao ouvir o meu nome, talvez só hoje eu tenha me colocado no lugar. Talvez só hoje eu tenha me machucado tanto ou quanto...

Talvez só hoje eu não queria ter a curiosidade tão aguçada sobre estes olhos "recém" recuperados da minha própria cegueira. A cegueira que não é física, mas que causava desconforto, e que este não era o meu desconforto.

Hoje ele é. É só meu. É só meu e dói. E dói tanto que não consigo chorar, a não ser sentir uma forte pressão pelo peito.

Eu não serei nunca.

Não poderia ser.

Onde estive este tempo todo? Porque só então eu cheguei? O póstumo é besteira, mas sempre causa reboliços.

Vou me apagar, vou me limitar, me limitar as louças jogadas pela pia, sobre os pingos no chão feito pela torneira, e sobre a desordem toda que anda o meu lar, transparecendo exatamente como eu, ás vezes, me sinto.

Perdida, num reboliço de cobranças mal sucedidas, numa areia movediça, sentindo, ora, todo o amor do mundo, e ora sentindo toda a raiva desta vida.

Martela incansavelmente a idéia da frase, escrita letra por letra, e sobre um papel ainda que amassado, mas que faz todo o sentido quando penso no que acabei de fazer hoje.

"E o que a gente faz depois que se é feliz?" (Clarice Lispector)

Uns idolatram e vivem o momento gota a gota.
Outros procuram algum motivo pra se desalinhar.

A felicidade é tão remota que é dificil acreditar? E o melhor a fazer é cortar os pulsos?
(...)

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